Pandemia

No pós-Covid, Vale vai adotar modelo flexível e terá escritórios compartilhados

A Vale bateu o martelo pelo modelo flexível de trabalho em sua operação global no pós-pandemia. A covid-19 colocou 22% da força de trabalho própria da mineradora, de 74.472 pessoas, em trabalho remoto.

Ideia é que o home office seja definitivo para esse grupo, mas alternado com encontros presenciais nos escritórios

Sede da Vale no Rio de Janeiro/Divulgação

A Vale bateu o martelo pelo modelo flexível de trabalho em sua operação global no pós-pandemia. A covid-19 colocou 22% da força de trabalho própria da mineradora, de 74.472 pessoas, em trabalho remoto.

A ideia é que o home office seja definitivo para esse grupo, mas alternado com encontros presenciais nos escritórios ou em um dos espaços colaborativos, ou hubs, que a empresa criará até março de 2021. As funções operacionais, nas minas, seguirão presenciais, o que ocorreu mesmo durante a pandemia, com a mineração sendo classificada pelo governo como atividade essencial.

A companhia criou o programa Jornada Vale para revisitar seus espaços físicos e moldar o novo regime, que apelidou de flexible office (escritório flexível). “Queremos sair do modelo tradicional de escritório, mas repensar os ambientes para transformá-los em hubs de inovação e colaboração”, diz Josilda Saad, gerente executiva e líder do programa.

“Ninguém mais terá mesa própria, nem áreas fixas reservadas por área. A Vale criou um aplicativo de reserva dos espaços, como os de salas de cinema”, conta.

Confortáveis

De acordo com a executiva, uma pesquisa interna mostrou que 75% dos empregados administrativos da Vale se sentem confortáveis e produtivos trabalhando em casa. A reforma dos espaços está sendo desenhada calculando que as pessoas trabalhem 60% do tempo de forma remota. A companhia ainda analisa se fará o pagamento de um adicional para compensar custos do teletrabalho, como internet e energia elétrica. Até agora foi liberado apenas um “pacote de ergonomia”, para a adaptação da estrutura de trabalho dos funcionários em casa.

O modelo híbrido já começou a ser adotado em Sudbury, no Canadá, onde a pandemia está em estágio mais controlado. De início houve grande procura por agendamento de espaços, mas depois o nível de ocupação física caiu a 10%. Nas próximas semanas será a vez de Xangai, na China. “O próprio sistema vai se regular. Com a rotina voltando ao normal, as crianças indo para a escola, as pessoas estão vendo benefícios em reduzir deslocamentos”, avalia Josilda.

Produtividade

A menor movimentação de funcionários das áreas administrativas das unidades operacionais, que muitas vezes têm que pegar a estrada diariamente, é outra meta. A Vale enxerga ganhos em segurança e produtividade com a medida. Por isso, resolveu instalar sete hubs colaborativos próximos a unidades operacionais. Até março serão sete no Brasil: Parauapebas (PA), São Luís (MA), Vitória (ES), Itaguaí (RJ), Mariana, Itabira e Itabirito (MG). No exterior, haverá pelo menos 10 hubs em países como Canadá, Omã, Indonésia e China.

A ocupação das mesas flexíveis e salas adaptadas para áreas de integração nos hubs será gradual e pode ocorrer antes da vacina contra a covid-19, de acordo com a situação sanitária relativa à pandemia em cada local. “Não há pressa. Hoje no Brasil não há nenhum Estado em que seja possível iniciar a flexibilização”, diz a gerente executiva, destacando que o mais provável é que isso fique para 2021.

Devolução. A Vale tem dez escritórios no País, em cidades como Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Itaguaí e São Luís do Maranhão. Parte deles será remodelada, mas a companhia considera “natural” que alguns espaços sejam reduzidos. A devolução de salas comerciais para reduzir custos tem sido uma constante entre grandes empresas após a institucionalização do trabalho remoto. A Petrobrás, por exemplo, já anunciou que está liberando nove prédios administrativos e criando “smart offices”, ou escritórios inteligentes, com mesas compartilhadas.

Há três anos a sede da Vale ocupa as salas 701 a 1.901 da Torre Oscar Niemeyer, na Praia de Botafogo. Em resposta ao Estadão/Broadcast, a companhia disse que o local será transformado e que ainda não há definição sobre o número de andares que serão devolvidos à Fundação Getulio Vargas (FGV), proprietária do imóvel. A empresa deve preservar ao menos um andar institucional. A FGV não comenta, mas diz ter “absoluta certeza que a Vale não deixará de cumprir as condições contratuais ajustadas”.

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